O que é ser voltado para o design?

Resenha Crítica do capítulo 4 “Ser Voltado para o Design” do livro “Gestão Estratégica do Design: como um ótimo design fará as pessoas amarem sua empresa” de Robert Brunner e Stewart Emery com Russ Hall

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Olhar sob o ângulo da Percepção, Compromisso, Implementação e Vigilância é capaz de fazer com que determinada empresa dê o passo inicial para ser voltada ao design. Se há Percepção, logo há visão de onde determinada empresa está e onde precisa estar. Com Compromisso, logo vem o “dar o salto de fé” que faz com que a Implementação de algumas novas abordagens seja efetivada e a Vigilância se mantenha renovada e permaneça viva para extrair o máximo das necessidades atuais do cliente.

O livro Gestão Estratégica do Design: como um ótimo design fará as pessoas amarem sua empresa de Robert Brunner e Stewart Emery com Russ Hall, aborda o mote da construção do entendimento sofisticado e profundo sobre a verdadeira e definitiva contribuição estratégica do design para com as empresas que enxergam cada vez mais no discurso contemporâneo da inovação a base para se tornarem ainda mais competitivas no cenário do segmento de bens de consumo e serviços. O capítulo quatro, Ser Voltado para o Design, responde a questão: “O que é uma empresa voltada para o design?” com embasamento em exemplos positivos e alguns não tão positivos transcorrendo ainda sobre como saber como os clientes se sentem e suas suposições.

No capítulo em questão, os autores afirmam que as empresas, produtos e serviços precisam morar na mente de seus consumidores como uma experiência emocional positiva e cita o exemplo da Apple que começou a derrapar durante o período em que Steve Jobs não esteve presente. Nesse ponto fica notório que é por isso que uma empresa não se torna uma empresa voltada para o design sem liderança executiva contínua. Um processo interrompido ou mal executado pode colocar um projeto e até mesmo empresas a ruírem. Para restaurar o foco da Apple, Jobs logo retornou. Quando a empresa diz Think Different reafirma o conceito de inovação, supremacia e superioridade em relação ao foco em design.

É preciso que as empresas não apenas defendam a estratégia voltada para o design, mas também em fazer de design e inovação, características do DNA da empresa, sabendo que o design não é uma roupa de vitrine e primariamente boa aparência. Mas, a resolução de um problema ao misturar funções e usabilidade, geralmente de maneira icônica capaz de criar uma conexão emocional com o cliente prospectivo. De certa forma, o iPod da Apple tinha menos características do que os produtos dos concorrentes, mas “o design do aparelho funcionou para proporcionar uma experiência melhor para os clientes”, afirmam os autores que ainda falam que “uma empresa voltada para o design lança novos produtos rapidamente e com frequência, e os aperfeiçoa em resposta ao feedback dos consumidores”.

Para Robert Brunner e Stewart Emery, design “é, na realidade, uma metodologia que você usa para moldar e criar o relacionamento entre você e seu cliente. Design significa que você está premeditadamente criando, desenvolvendo, fazendo protótipos e fabricando com as emoções dos consumidores em mente, e não simplesmente deixando que tudo isso se desenvolva e aconteça”. O design é parte integral de uma organização e não apenas do projetista. O “ser voltado para o design” precisa ser visto pelas empresas como um processo e não um evento. É preciso estratégia e visão compartilhada para com a empresa como um todo e dispor-se a reformular o modo como às coisas são feitas.

Certa vez, quando perguntado sobre quanto a Apple investia em pesquisa de mercado, Jobs respondeu que não gastava nem um dólar com isso. É algo contraditório em relação aos conhecimentos de marketing que adquirimos. No entanto, Henry Ford disse que, se tivesse questionado seus clientes sobre o que queriam, a resposta seria um cavalo mais rápido. Embora o pensamento de Jobs e Ford represente o “rompimento” de um conceito e/ou paradigma, não há como não afirmar que a pesquisa de marketing nos mostra possíveis caminhos que um produto, serviço ou marca deve seguir, servindo de subsídio para a tomada de decisão balanceada, não apenas em relação ao design. No futebol, tem hora para dar o drible. De preferência quando o jogador está perto do gol. Já uma empresa, precisa jogar e dar o drible sempre, investindo em pesquisas de marketing e utilizando-se delas para se sustentar no campo, até mesmo quando não estiver perto do gol. Por mais figurativo que pareça o exemplo, é o que de praxe acontece. Ao se manter ligada no design e ao usar a pesquisa de mercado como uma janela para necessidades e possibilidades emergentes, a Samsung foi rápida em passar do analógico para o digital superando muitos de seus concorrentes. O que aconteceu devido a um olhar inovador para o mercado de consumo global do futuro, entretanto, atrelado à pesquisa de mercado.

Entende-se, por fim, que para uma empresa ostentar-se como voltada para o design é de suma valia atentar-se para a necessidade do consumidor; a orquestração do design, a fabricação e entrega do produto para o usuário; a vigilância em constantemente antever as futuras necessidades do consumidor e o próximo produto, moldando e criando um relacionamento entre cliente – que deve ser um “convidado” – e empresa, desenvolvendo, fazendo protótipos e fabricando emoções em mentes.